Introdução: Este post é só uma série de dicas que podem ajudar a aprender qualquer coisa. Como a minha experiência foi moldada mais no estudo de línguas eu vou usar exemplos deste âmbito. Porém, como prova da generalização, também vou relacionar algumas dicas a atividade que estou aprendendo atualmente, o skate (entre outros esportes). Apesar disto não estar diretamente relacionado ao altruísmo acredito que, por ajudar na eficácia, não está tão fora do assunto assim.
Dica 1: Use suas
particularidades como vantagens, não limitações: O ponto é
simples. Muitas vezes o que a gente acha que é um problema faz parte
da solução. O caso do português é um exemplo. Sua desvantagem é
que não é uma língua importante para o mercado internacional como
o inglês ou o espanhol. Esta falta de importância impele a aprender
mais línguas, o que é bom e, ademais, para um falante do português
é muito mais fácil aprender inglês e espanhol do que para um
falante do inglês aprender espanhol ou um falante do espanhol
aprender inglês. Isso é uma vantagem.
Dica 2: Não existe
este tal de primeiro passo: Comece agora! Esta dica questiona o
truísmo de que o primeiro passo é o mais difícil. Na verdade não
há primeiro passo porque sempre que começamos a aprender alguma
coisa recorremos a outros âmbitos próximos que nos ajudam na
empresa. Quer aprender inglês? Saiba que 60% dessa língua é
composta de palavras de raiz latina. Isso facilita muito a aquisição
de vocabulário. O caso do verbo deletar é um exemplo interessante.
O verbo é latino deletare que
não passou para o português (língua latina), mas acabou voltando
através do inglês via vocabulário de novas tecnologias.
Quer andar de skate? Você vai ver como o equilíbrio do seu corpo
vai te fornecer respostas intuitivas para os problemas que se
apresentarão.
Dica 3: Aprenda a usar
o que você já tem: Usar o que
já temos é uma vantagem, mas pode ter efeito negativo. No
caso da linguagem este
comportamento gera o que
é chamado de
embromation.
Quem faz esta crítica esquece que na
maioria dos casos a embromação dá certo sim. O
importante é desenvolver meios de se identificar quando o
conhecimento prévio deve ser usado. No caso das línguas latinas, se
duas usam a mesma raiz para um termo crescem as chances de uma
terceira também o fazê-lo. O verbo estudar do português é o mesmo
do Francês Etudiér. Daí fica mais seguro de inferir que em
italiano será studare. É como um jogador de futebol de salão que
deve levar os dribles curtos quando joga no campo mas deve saber
quando usar passes longos também.
Dica
4: Aposte no inconsciente mas saiba que se trata apenas de uma boa
aposta: Muitas vezes, em hora de dúvida convém confiar
nas intuições. No caso das línguas, por exemplo, muitas vezes
palavras surgem na nossa boca sem que sequer nos lembrássemos da sua
existência. Isso é porque o nosso cérebro tem um sistema que
funciona no automático. Depois que a gente introjeta um
comportamento ele vem como uma resposta sem precisarmos que estejamos
consciente disso. Porém, é sempre bom prestar atenção nas nossas
ações, pois a gente pode sim introjetar comportamentos errados que
soarão como certos. Em alemão há até um verbo para isso, klingen,
que quer dizer 'soar bem'. Na
dúvida aposte no que soa melhor (mas depois confira para ver se está
certo).
Dica
5: Não há passos: A
gente gosta de ver o aprendizado como um caminho, uma escalada, mas a
verdade é muito mais caótica. Às vezes ao avançar sem ter
aprendido o que é considerado mais básico ajuda no desenvolvimento.
Um exemplo do alemão. Normalmente se aprende os verbos modais antes
dos subjuntivos, mas mesmo essa separação não é clara. Mögen
(gostar)
e möchten
(gostaria)
são ensinados com dois verbos modais diferentes. Eu só fui entender
direito quanto cheguei no subjuntivo e vi que se tratava do mesmo
verbo. No
Skate também eu só fui aprender a dar a manobra varial
(uma das mais fáceis)
depois
que eu tinha aprendido o pop shove it.
Dica
6: Nada traz mais inovação que a rotina: O
senso comum de uma vida boa atualmente despreza a rotina como algo
chato e sem graça. O problema disso é que assim se ignora uma
necessidade. Não há inovação sem prática. A estimativa é que
100.000 repetições fazem o especialista. O número é ilustrativo,
mas o importante é saber que sem comprometimento não haverá
aprendizado nem prazer. Se você não se dedica a uma língua, nunca
vai entender sua beleza. É como ler um poema catando cada palavra no
dicionário, o sentido vem mas não funciona. É
como pular de paraquedas atrelado a um instrutor depois de um curso
de 15 minutos. Não faz sentido. É preciso se comprometer, repetir,
aprender e aí sim viver a experiência. Viva a rotina.
Dica
7: crie motivações ainda que ilusórias: É
importante criar uma narrativa que te motive a alcançar o fim do
aprendizado. Cada um tem que usar o que funciona com ele. Um pode
aprender russo em vista da possibilidade de ler Dostoievsky no
original enquanto outro pensa na bela russa com quem vai conversar
pela internet. Ao
treinar Skate, por exemplo, dá pra pensar que se está em um
campeonato. É só construir uma narrativa mental que te convença a
fazer o que você tem que fazer. Isso funciona também para te ajudar
a não abandonar o 'torneio' antes de conseguir realizar aquela
manobra. É aquele 'só mais uma vez' que se repete ao infinito.
Dica
8: Nada dura para sempre, nada se perde: Não
se trata um paradoxo, mas sim uma posição moderada. Primeiro você
tem que saber que se parar de praticar vai perder. É fato. Para de
estudar uma língua diariamente e sua habilidade vai diminuir. Por
isto o resultado de testes de avaliação tem validade. Por outro
lado, não é que você vai perder tudo e que todo esforço anterior
foi em vão. Se você decidir reativar a rotina de estudos a
re-assimilação do conteúdo vai ser muito mais rápida. Ademais,
será uma boa oportunidade para melhorar o que já havia aprendido.
Não se aprende a mesma coisa do mesmo jeito. Pra melhor ou pra pior,
a segunda vez é diferente. Isso a gente percebe claramente quando
vai re-aprender um conteúdo para dar uma aula, por exemplo.
Dica
9: Fique sempre alerta durante tarefas infinitas: Aprender,
qualquer coisa, é uma tarefa infinita. Sempre há algo mais para
dominar, se não há é porque você parou de considerar a questão
seriamente. Por isso, uma dica é ficar sempre alerta. Oportunidades
de aprendizado aparecem todo dia por toda parte. O exemplo mais banal
é o aprendizado de uma nova palavra que pode se aparecer num livro,
propaganda ou diálogo. Mais
interessantes
são os cruzamentos interdisciplinares. O drible de futebol pode te
inspirar a fazer uma manobra de skate. Uma
ideia pensada depois de um filme pode resolver um problema do seu
trabalho. O
importante é estar alerta para tirar proveito destas oportunidades.
ps: se você é introvertido ache um lugar reservado pra aprender, mas também se force a praticar em grupo.
ps: se você é introvertido ache um lugar reservado pra aprender, mas também se force a praticar em grupo.
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